Leis antidesinformação: governos intensificam repressão à desinformação

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Leis antidesinformação: governos intensificam repressão à desinformação

Leis antidesinformação: governos intensificam repressão à desinformação

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Conteúdo enganoso se espalha e prospera em todo o mundo; os governos desenvolvem legislação para responsabilizar as fontes de desinformação.
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      Previsão Quantumrun
    • 13 de dezembro de 2022

    Resumo do insight

    À medida que as notícias falsas causam estragos nas eleições, incitam à violência e promovem falsos conselhos de saúde, os governos estão a investigar diferentes métodos para reduzir e impedir a propagação de desinformação. No entanto, a legislação e as repercussões devem navegar na linha tênue entre as regulamentações e a censura. As implicações a longo prazo das leis anti-desinformação podem incluir políticas globais divisivas e aumento de multas e litígios sobre as grandes tecnologias.

    Contexto das leis antidesinformação

    Os governos de todo o mundo utilizam cada vez mais leis antidesinformação para combater a propagação de notícias falsas. Em 2018, a Malásia tornou-se um dos primeiros países a aprovar uma lei que pune utilizadores de redes sociais ou funcionários de publicações digitais por espalharem notícias falsas. As penalidades incluem multa de US$ 123,000 mil e possível pena de prisão de até seis anos.

    Em 2021, o governo australiano declarou os seus planos para estabelecer regulamentos que darão ao seu órgão de fiscalização dos meios de comunicação, a Autoridade Australiana de Comunicações e Mídia (ACMA), maior poder regulatório sobre as grandes empresas de tecnologia que não cumprem o Código Voluntário de Prática para Desinformação. Estas políticas resultam de um relatório da ACMA, que descobriu que 82% dos australianos consumiram conteúdo enganoso sobre a COVID-19 nos últimos 18 meses.

    Essa legislação destaca como os governos estão intensificando seus esforços para responsabilizar os vendedores de notícias falsas pelas graves consequências de suas ações. No entanto, enquanto a maioria concorda que são necessárias leis mais rígidas para controlar a disseminação de notícias falsas, outros críticos argumentam que essas leis podem ser um trampolim para a censura. Alguns países, como os EUA e as Filipinas, acham que proibir notícias falsas nas redes sociais viola a liberdade de expressão e é inconstitucional. No entanto, prevê-se que possa haver mais leis anti-desinformação divisivas no futuro, à medida que os políticos buscam a reeleição e os governos lutam para manter a credibilidade.

    Impacto disruptivo

    Embora as políticas anti-desinformação sejam muito necessárias, os críticos se perguntam quem pode guardar as informações e decidir o que é “verdadeiro”? Na Malásia, alguns membros da comunidade jurídica argumentam que existem leis suficientes que cobrem penalidades para notícias falsas em primeiro lugar. Além disso, terminologias e definições de notícias falsas e como os representantes as analisarão não são claras. 

    Enquanto isso, os esforços anti-desinformação da Austrália foram possibilitados pela introdução do grupo de lobby da Big Tech de um Código Voluntário de Prática para Desinformação em 2021. Neste Código, Facebook, Google, Twitter e Microsoft detalharam como planejam impedir a disseminação de desinformação em suas plataformas, incluindo o fornecimento de relatórios anuais de transparência. No entanto, muitas empresas de Big Tech não conseguiram controlar a disseminação de conteúdo falso e informações falsas sobre a pandemia ou a guerra Rússia-Ucrânia em seus ecossistemas digitais, mesmo com autorregulação.

    Entretanto, na Europa, as principais plataformas online, plataformas emergentes e especializadas, intervenientes na indústria da publicidade, verificadores de factos e organizações de investigação e da sociedade civil apresentaram um Código Voluntário de Conduta para a Desinformação atualizado em junho de 2022, seguindo as orientações da Comissão Europeia divulgadas em Maio de 2021. Os signatários concordaram em tomar medidas contra as campanhas de desinformação, incluindo: 

    • desmonetizar a disseminação de desinformação, 
    • reforçar a transparência da publicidade política, 
    • capacitar os usuários e 
    • reforçar a cooperação com os verificadores de factos. 

    Os signatários devem estabelecer um Centro de Transparência, que fornecerá ao público um resumo de fácil compreensão das medidas que tomaram para implementar os seus compromissos. Os signatários foram obrigados a implementar o Código no prazo de seis meses.

    Implicações das leis antidesinformação

    As implicações mais amplas das leis antidesinformação podem incluir: 

    • Um aumento na legislação divisiva em todo o mundo contra desinformação e notícias falsas. Muitos países podem ter debates em andamento sobre quais leis fazem fronteira com a censura.
    • Alguns partidos políticos e líderes de países usam essas leis antidesinformação como alavanca para preservar seu poder e influência.
    • Direitos civis e grupos de lobby que protestam contra as leis anti-desinformação, considerando-as inconstitucionais.
    • Mais empresas de tecnologia sendo penalizadas por não se comprometerem com seus Códigos de Prática Contra a Desinformação.
    • Big Tech aumenta a contratação de especialistas regulatórios para investigar possíveis brechas dos Códigos de Prática Contra a Desinformação.
    • Maior escrutínio das empresas de tecnologia por parte dos governos, levando a requisitos de conformidade mais rigorosos e ao aumento dos custos operacionais.
    • Consumidores exigindo maior transparência e responsabilidade na moderação de conteúdo, influenciando as políticas da plataforma e a confiança dos usuários.
    • Colaboração global entre os decisores políticos para estabelecer padrões universais para combater a desinformação, com impacto nas relações internacionais e nos acordos comerciais.

    Questões a considerar

    • Como as leis antidesinformação podem violar a liberdade de expressão?
    • Quais são as outras maneiras pelas quais os governos podem impedir a disseminação de notícias falsas?

    Referências de insights

    Os seguintes links populares e institucionais foram referenciados para esta percepção: