Terapia genética auditiva: o avanço que pode curar a surdez

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Terapia genética auditiva: o avanço que pode curar a surdez

Terapia genética auditiva: o avanço que pode curar a surdez

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Várias equipes médicas estão pesquisando como a edição de genes pode corrigir permanentemente os genes que causam perda auditiva.
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      Previsão Quantumrun
    • 16 de Junho de 2022

    Resumo do insight

    A edição genética, nomeadamente através da tecnologia CRISPR, apresenta um caminho potencial para abordar problemas de saúde, incluindo deficiências auditivas, mas segue uma linha delicada em termos éticos, especialmente quando aplicada a embriões humanos. A tecnologia poderia mudar a narrativa sobre as capacidades humanas “normais” e colocar dilemas morais em torno da cura de deficiências que não ameaçam a vida, como a surdez. À medida que o panorama médico se adapta a tais avanços, as conversas entre governos, prestadores de cuidados de saúde e o público podem ter de evoluir para garantir que os limites éticos sejam respeitados, ao mesmo tempo que se exploram os potenciais benefícios das tecnologias de edição genética.

    Contexto da terapia genética auditiva

    Desde a introdução da tecnologia CRISPR no início dos anos 2000, a edição genética tornou-se cada vez mais acessível, acessível e, o mais importante, eficaz no tratamento de várias condições de saúde. No entanto, à medida que esta inovação continua a avançar, alguns médicos e cientistas começam a perguntar se a edição genética pode eliminar deficiências naturais, como a surdez. Em 2020, o biólogo russo Denis Rebrekov anunciou que usaria a tecnologia CRISPR para editar embriões humanos que herdariam de seus pais mutações genéticas relacionadas à surdez. Rebrekov disse na época que cinco casais já haviam concordado em submeter seus embriões à terapia genética auditiva. 

    CRISPR é uma tecnologia de edição de genes que usa uma enzima chamada Cas9, que age como uma tesoura, cortando DNA indesejado em uma sequência de genoma. Um pedaço de RNA chamado RNA guia (gRNA) é então liberado para guiar o Cas9 para o genoma correto. O uso de CRISPR em células reprodutivas é altamente controverso porque qualquer edição genética pode ser transmitida por gerações. Algumas partes interessadas da indústria, profissionais médicos e filósofos colocaram ainda mais a questão se deficiências que não ameaçam a vida, como a surdez, devem ser “curadas” em primeiro lugar devido a considerações morais.  

    Ensaios clínicos de terapia genética associada à audição em camundongos têm sido promissores. Em um estudo conduzido por cientistas da Harvard Medical School e da Universidade de Tel-Aviv, um vírus foi usado para liberar informações geneticamente modificadas (especificamente, uma cópia saudável do TMC1, o gene que geralmente é a causa da surdez quando mutado) no ouvido interno de camundongos com deficiência auditiva. Os camundongos exibiram uma audição melhorada nos próximos seis meses (quase tão bem quanto os camundongos não surdos). 

    Impacto disruptivo

    Quando se trata de edição genética, especialmente no contexto de embriões humanos, há um amplo espectro de implicações éticas, morais e práticas que entram em jogo. As nações podem encontrar-se a estabelecer limites em torno da utilização desta tecnologia, limitando a sua aplicação a condições médicas graves onde não existem tratamentos alternativos disponíveis. Esta é uma medida para evitar a escalada para um cenário em que a edição genética é utilizada para melhorias não médicas, levando à criação dos chamados "bebés desenhados", onde os atributos genéticos são seleccionados ou alterados para fins estéticos ou capacidades melhoradas.

    O conceito de edição de genes para corrigir condições relacionadas à audição apresenta uma intersecção única entre a ciência médica e a ética. Se as terapias centradas na tecnologia CRISPR se tornarem viáveis ​​e acessíveis, poderão mudar significativamente o panorama das indústrias focadas na investigação e tratamento relacionados com a audição. Com o tempo, à medida que as soluções de edição genética se tornam mais prevalentes, os métodos tradicionais de tratamento de problemas auditivos podem tornar-se menos comuns, levando a uma contracção destas indústrias em nichos mais especializados. Esta mudança poderá redireccionar recursos e investimentos para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas de edição genética, o que poderá também trazer novas oportunidades para lidar com uma vasta gama de outras condições médicas.

    Numa escala mais ampla, a aceitação e integração de tecnologias de edição genética como a CRISPR nos sistemas de saúde poderia mudar as percepções e padrões sociais em torno das capacidades humanas naturais e dos limites éticos da ciência médica. A narrativa sobre o que constitui um ser humano “normal” ou “saudável” pode sofrer uma reavaliação substancial, impactando os quadros jurídicos, éticos e sociais. Os governos, os prestadores de cuidados de saúde e o público podem precisar de se envolver em diálogos aprofundados para navegar no complexo cenário moral que a edição genética apresenta, garantindo uma abordagem equilibrada que maximize os benefícios e minimize os potenciais danos. 

    Implicações para tecnologias CRISPR aplicadas à deficiência auditiva

    Implicações mais amplas da aplicação de terapias CRISPR para tratar a audição dos pacientes podem incluir:

    • Governos criando regulamentações padronizadas sobre quando as terapias genéticas podem ser usadas, especialmente se aplicadas antes do nascimento.
    • Maior pressão pública sobre os governos para cobrir totalmente os tratamentos que curam várias formas de deficiência auditiva.
    • Empresas dos setores de entretenimento ao vivo e construção (entre outros) incluem cada vez mais terapias auditivas em seus planos de saúde do trabalhador.
    • Surgem organizações ativistas que buscam tornar o acesso às tecnologias de edição de genes um direito universal devido aos possíveis benefícios para a sociedade.
    • Pessoas com deficiência auditiva que optam por receber terapia genética em vez de operações invasivas, como implantes cocleares. (Alternativamente, alguns membros da comunidade surda podem resistir a essas inovações em favor da manutenção de normas culturais estabelecidas que favorecem a surdez.)
    • Melhorias em escala populacional na produtividade econômica, uma vez que menos da população sofre de perda auditiva parcial a completa.

    Questões a considerar

    • Se tivesse a opção de usar tratamentos auditivos baseados em CRISPR, você o usaria? 
    • Quais indústrias ou profissões se beneficiariam mais com o acesso de seus trabalhadores a terapias auditivas novas e eficazes?

    Referências de insights

    Os seguintes links populares e institucionais foram referenciados para esta percepção:

    Futuro Humano O fim da surdez